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Melopeia

by Tiago Félix

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1.
Um dia eu ainda canto E assumo desafinado O português é o meu esperanto Para a métrica um retornado Um dia eu ainda invoco Que isto é só coração Cada letra que sai quebrada Sai para te chamar à atenção Falta-me ler os poetas Falta-me largar a ronha Deixar as rimas secretas Sem que a cabeça se oponha Partes de mim rejeitam-me Partes de mim fazem-me Deus Canto e o poema é mais eu Cada verso foi o que se perdeu Cada poema é uma perda.
2.
Mãos 03:39
Olho-te em escada Alta e longe Nem sopro para chamar Não tiro os pés do chão Não vá cavar um buraco Tenho-me andado a habituar Dizes que ninguém perde a vida inteira Que sou novo para não me aproveitar Soubesses tu que tens o nome do meu azar Não se aconselha em quem se ama A cada segundo que passa Acho-te mais graça A cada segundo que finda Pareces-me mais linda Ainda Cara de salmão corada Arde a pele no corrimão Estou de mão beijada A minha queria sentir a tua Não precisava de mais nada.
3.
Fim de noite de namorados Amparados um no outro Em risinhos alternados Acordamos despegados Para ti é só hábito Para mim já somos casados Não estás para conversas Já te falava da família Tu és avessa a pressas E eu que pensava em casa Filhos e mobília Para ti foi muito rápido Para mim em câmara lenta Foges veloz do cupido Eu no máximo ando a quarenta Nem sabes o meu nome Para mim foi tão especial Acordaste com fome Faço-te a refeição matinal Está tudo de pantanas As algemas perderam a lã Foi como outro fim-de-semana Será que ela quer ser mamã? Para ti foi muito rápido Para mim em câmara lenta Foges veloz do cupido Eu no máximo ando a quarenta.
4.
Não nasci com calma Nunca soube esperar Em mim nunca é chuva Quando toca a precipitar O café está quente Não há tempo para soprar Antes que ele se canse Antes deixar queimar No que inventar E não souber fazer Ser o mais afoito Com tanta pressa em viver Amanhã faço cento e dezoito Se abrandar, por este andar Tenho de um cão as heras Assim, na melhor das hipóteses Morro com mil e tal primaveras Diz que o tempo Passa tão depressa Para mim tão devagar.
5.
Beijo-te para calar A minha oposição Barulho a abafar A má argumentação Se não houver altar Eu faço uma canção Mas não venham elas trocar O teu sim por um não O que elas dizem é da boca para fora São a soma dos medos de velhas sem hora A minha mãe mal espera pela nora O tempo que elas falam É o tempo do diabo Se precisares de naperom Tenho um enxoval bordado Não te revejas nas velhas Que dizem para não casar Se o que ouvires delas Te faça não querer ficar É a nossa geração Que acaba a má tradição De um par ser eterno Mas com o tempo a roubar satisfação.

credits

released January 16, 2017

Poemas, voz e samples por Tiago Félix
Sintetizadores e produção por Nosso Querido Figueiredo

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Tiago Félix Alcobaça, Portugal

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