We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Disco Da Paci​ê​ncia

by Tiago Félix

/
  • Streaming + Download

    Includes high-quality download in MP3, FLAC and more. Paying supporters also get unlimited streaming via the free Bandcamp app.
    Purchasable with gift card

      name your price

     

1.
Mudanças 02:27
Pensamos uma casa igual A vida inteira talvez Uma renda que deixe comer Sem ser a dividir por dez Vem tu para o meu canto de cá Já que ele é mesmo como és Muda-te a pouco e pouco Uma camisola de cada vez Pensamos o mundo igual A mesma calma, o mesmo ar Vai falando, não te cales Só para eu poder concordar Vem como se não fosse nada E vai ficando para jantar Há 20 mensagens que não dizemos nada Mas continuamos a falar Queres os livros no chão O colchão no chão As roupas no chão Queres os desenhos no chão As malas no chão Só queres ter um chão Já não saber de quem é O que parece ser dos dois O teu pijama em cima do meu Dobrado sem desmazelo Quando as minhas coisas todas Ganharem o teu cheiro Confundir a minha almofada Com o teu cabelo Vestes as minhas camisas Eu visto as tuas calças Temos a mesma medida Que sorte sermos iguais Ou campo noutra idade Talvez para sermos a sério Nem Platão me quer na cidade Mas não há bom remédio Queres os livros no chão O colchão no chão As roupas no chão Queres os desenhos no chão As malas no chão Só queres ter um chão.
2.
Bruços 02:58
Não vou abrir mais a boca Deixo-me ficar calado Aprendi a viver para dentro Roer-me bem triturado Até vou envelhecendo bem A idade vai-me acalmando Ganhando vícios de pobre Que nem me chegam a ir matando Desculpa mãe se cresci para o lado errado Também não era suposto ter acabado aqui Escondi tão bem o que tinha guardado Só quero ser alguém que possa andar sossegado Não quero ter quatro dígitos Para andar sempre mal contado A somar mais ao deitar Medir a pila em juro inflacionado Eu só quero dormir em paz E que me deixem dormir deitado O dia já obriga a andar O dia todo mal sentado Desculpa mãe se cresci para o lado errado Também não era suposto ter acabado aqui Eu escondi tão bem o que tinha guardado Só quero ser alguém que possa andar sossegado.
3.
Jovem Adulto 02:05
Fiz a cama de lavado Passa-se o dia a correr Tou cada vez mais velho A usar frases dos meus pais Pus os pés de molho Nas lágrimas que engoli Escondi-me tão pra dentro Que já não apareço mais Fiz o meu dia de jovem adulto Menos ocupado do que pareci Deito corpos mortos no caminho Só pra ocupar o meu vazio Não oiço quem mo diga Mas sei que o meu dia virá E vou andando pelo deserto A dizer pra mim que é o rio Sei que um dia virá Mas não me vão ouvir da boca Sei que o meu estará Lá plantado no tempo Sei que um dia virá É assim que assim é Sei que me encontrará Lá plantado no tempo Passei o meu dia a ferro Na solidão que lavei à mão Estaria orgulhoso de mim Quem a mim quisesse bem Perdi sempre pela margem mínima E nunca fui até ao fim Chamaria de mundo a quem Me achasse também assim Passei o dia em claro Pensei no que quero esquecer Vou procurar lixo novo Só para este ir mais para baixo Agora que sou um jovem adulto Já me exigem mais além Por fora finjo cada vez melhor Que no fundo até me encaixo Sei que um dia virá Mas não me vão ouvir da boca Sei que o meu estará Lá plantado no tempo Sei que um dia virá É assim que assim é Sei que me encontrará Lá plantado no tempo.
4.
Enforcado 02:45
O que é que há do lado de lá do enforcado Que o faz saltar? O que é que há do lado de cá do enforcado Que o faz pensar? As nuvens tão perto dos pés.
5.
De certeza que é pró ano Que me sai uma canção Talvez de tanto profano Isto ainda dê em oração É a pior memória Eu nem sei nem esqueço Não vindo Nossa Senhora Sou eu que apareço Eu pego no piano Ainda com o pincel na mão Não vender tem o seu preço O meu lado pachecal Perde sempre para razão Talvez morto cause mais apreço Um buraco no chão Lá vou eu esconder O que eu sou há-de caber Um buraco no ozono Lá vou eu saltar Ninguém me encontrará no ar O silêncio à volta Ninguém para falar Foi tudo embora Agora que ia contar Um banho de realidade Comigo a sonhar Até a expectativa Tá cansada de esperar Se ninguém gostar gosto eu, enfim Mas quem é que eu quero enganar? Faço canções para que gostem de mim Já não consigo separar.
6.
Ex 02:10
Eu vi ao longe a curva Mas isto aqui nunca mais vira Quantas canções tenho de fazer Até que alguém acredite em mim? Eu vi na linha do horizonte Um futuro igual ao que eu previ Quantos não amores tenho de amar Até o amor verdadeiro me encontrar no fim? Os beijinhos nunca são um beijo A gente ri-se mas estou a falar a sério Uma conversa cheia de ex Ama-se tanto com o amor que já foi Todos os fundos são tão bons Até chegar ao fundo de alguém O Titi é tão divertido Mas é uma máscara que tem.
7.
Alguém 03:04
Era não viver mais em canções Onde me visse mal e bem Tar tão cheio, tão aquém Numa vida assim assim Escrever sempre um amor Onde tudo me saia bem Mas expectativa pra mim É já só poder gostar de alguém Só queria um amor Não me importa muito quem Só queria ficar para sempre com alguém Pode ser homem, mulher, O que até não me convém Só quero a ideia de ficar Para sempre com alguém Era uma vida mesmo assim Tal e qual como não é Bonitinho e afinadinho Com a moral de pé Não quero ter que sofrer Pra viver e ser bom cantor Mas a vida nunca mais vem E eu já só quero poder gostar de alguém Só queria um amor Não me importa muito quem Só queria ficar para sempre com alguém Pode ser homem, mulher, O que até não me convém Só quero a ideia de ficar Pra sempre com alguém Não há mesinha velha que me valha Não há semana só que não se some Não há modinha miúda que me meça Não há truque torto que me tome Já tentei tudo e o contrário Aquém e à frente dos bois Quero muito que voltasses Quero muito que voltarás Quero muito que voltes Antes agora e depois.
8.
Acaso 02:56
Ponho a cara certa Como gosta o mundo Engulo a seco O que a vida me traz Finjo que sei Como se passa um dia Quando apalpo no escuro Como é que se faz O mundo boicota-me e pede que ria Calado remoo até adormecer Só me tira o sono até fechar os olhos Tudo voltará amanhã pra voltar a ser Sou mais Lisnave que Cristo Rei Faço como faz um bom cidadão Amanhã tudo estará no mesmo sítio Prá vida é o corpo pra lá do chão Sou tão bom e perco sempre Vou-me abeirando ao que aparece De que me vale acreditar no acaso Se ele nunca mais acontece? Quando olho está sempre lá o espaço Vai a carne em bocados para o calar A cabeça inundada em nomes e vozes Vejo um corpo nos corpos a andar É assim a vida, já dizem os velhos Aprendo com quem não sabe há mais tempo que eu A ver como corre que a gente ainda dura Pode ser que me calhe o que podia ser meu O que me dói é saber que existe Tudo aquilo que eu quero.
9.
Fado Fado 01:24
A virgindade não me levou a infância A morte não me levou a vida A vida não me levou a morte A noite não me levou o escuro A água não me levou a sede A sorte não me levou o susto O governo não me levou o sonho O presente não me levou o futuro A ternura não me levou a culpa O sono não me levou o remorso As quedas não me levaram as pernas A voz só me deixou mudo Ninguém me levou a solidão O amor não me levou a mim Os anos vieram como foram A idade só me trouxe tudo.
10.
Fim Do Mundo 02:26
O fim do mundo é no cu de judas Até lá é tanto caminho O diabo a sete só sabe contar até cinco De um a um no mindinho Os filhos dos enteados não chegarão a pais Mas terão com quem casar O fim do mundo acabará no lado certo É uma questão de esperar Eu ficarei a fazer contas de cabeça Cá para com os meus botões Vou rever pra que não me esqueça Das minhas próprias resoluções Eu morrerei um dia ao me deitar Mas ao menos fiz umas canções Serei eu próprio a me lembrar Das minhas próprias revoluções De ouvidos sou mouco De olhos sou calado Vejo sempre pró mesmo lado De braços sou coxo De pernas sou manco E tenho o coração cantado O rei vai nu mas não leva os bolsos rotos A terra de ninguém ficou pra algum De barriga cheia até a água do mar Pára a digestão do jejum Eu ficarei a fazer contas de cabeça Cá para com os meus botões Vou rever pra que não me esqueça Das minhas próprias resoluções Eu morrerei um dia ao me deitar Mas ao menos fiz umas canções Serei eu próprio a me lembrar Das minhas próprias revoluções.

about

Obrigado ao Leo e a quem ouvir o disco.

credits

released October 15, 2018

Escrito, tocado e cantado por Tiago Félix
Produzido por Leonardo Bindilatti.

license

all rights reserved

tags

about

Tiago Félix Alcobaça, Portugal

contact / help

Contact Tiago Félix

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like Tiago Félix, you may also like: