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Multiplica​ç​ã​o De N​ú​meros Pequenos

by Tiago Félix

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1.
Já cheguei a velho Não tenho energia Nem a tal canção Agora contagia Para minha alegria Mais uma pubalgia Já cheguei a antiquado Escuso de cantar o fado E o tempo não me dá tempo Para ter três mil facetas Mais as dez mil que queria Um dia deixo as caretas Fico pela filosofia Mas hoje até beatas Me parece pornografia Que bom, estou velho e tapado Agora é que eu vendo bem Em novo já era enrugado E o que escrevo É o que não digo a ninguém Velho não tem salvação Só tempo para o que medito Juventude não foi sensação De que me adianta agora o que cito? O amor dá-me tesão E eu tenho andado tão murchito Velho não tem salvação Tudo é devagarinho Juventude não foi sensação Agora ainda pia mais baixinho Ser fiel dá-me tesão E eu tenho andado tão sozinho.
2.
Conto oceanos para adormecer Não me embala navegar Até me arrependo de esquecer Das vezes que tive de acordar Quando cai nunca cola igual Mesmo que o aí agora não doa Vou guardando tudo o que vai Enquanto couber com que me perdoa Prometi-me que te cantava esta Já não faço força para que aconteça O feitio de um gajo é carne velha Não é coisa que se contorça Eu ainda sou pior do que era E nunca fui flor que se cheirasse Vou entretendo a voz para ninguém Meio por o ser, meio por disfarce Enquanto continuar a rodar Vou tendo com que me desfazer Quando a canção se repetir Já não tenho que fazer Outra igual.
3.
Se o arrependimento matasse Nem tinha tempo de me nascer E fosse o tempo coisa que voltasse Já sabia o que era para fazer Mas o que é que eu faço a este tempo todo? Às horas que tenho para ser cru? Que me doa tudo duma vez Bom velho mal a nu Se sem ti nem deus sabe Cabe-me agora imaginar Esperar que o mundo não acabe Só por o não ver começar Há dias vi-te de raspão E nem acho que eras tu O que já era bom de ver Já só vejo em deja vu Releio um verso que te escrevi Numa qualquer manhã de verão Ele continua a ser meu Tu agora é que já não.
4.
Freiras 01:55
Rompo as calças a estrear Um joelho novo a cada dia A mãe em casa a ralhar Remendo em remendo a tapar Um dia inteiro a jogar À bola com pinhas e figos Vem a freira interromper Com a mesma canção quebrada Deixei eu tudo para prometer O que não sei se ela tem guardada A diversão aqui é anticristo A alegria amaldiçoada Ao menos no muro caiado está a Beatriz Camuflada de altar Apontou para mim como quem diz Que vai ser para namorar No muro caiado mais eu reluzi E aqueci no meu corar Foi por um triz que a Bia Não foi para o Manel Compensou a hora e meia no carrossel Agora salto à corda À macaca e apanhada São brincadeiras de menina Mas a Beatriz é minha namorada.
5.
Nómada 02:43
Até me imaginava bem Sem grande imaginação Ou balanço d’alguém Que tem menos que uma mão Como vai soar ao acaso Dizer que não vem ninguém? Não parecer trapalhão Contar que sou assim também Eu largo cada convicção Passo a ter só uma profissão Cada dia um poema por atenção Já que não é não Não queres os carros Vamos para a aldeia Não queres os tratores Também mudo eu de ideia Se preferes acampar De semana a semana Mudamos de habitação Que eu não sou nómada Se morar no teu coração.
6.
Quero não ter que rezar Nem saber como se faz Deitar-me ao lado da oração Deixar Deus em paz.
7.
Pastilhas 02:01
Tenho pastilhas para dar à Mariana Azar para quem quiser trocar O diabo afeiçoou-se tanto a mim Qualquer dia cede-me o lugar Trouxe a camisa que a faz rir Nos outros dias ando um farrapo Só pioras mais ao dizer Que adoras “A Princesa e o Sapo” Mas se me chamas de novo É porque há um princípio qualquer É o silogismo que é muito óbvio Ou sou eu a ver o que não vai haver?
8.
Rasgar mar dentro Sem saber se chego a terra Se tenho braços para os oceanos Mãos para palmear a serra Querer mandar na atmosfera Ter a voz sempre sincera Já que lhe conheces os tons Evito fazer-me fera E se disseres o meu nome Com o apelido também Para te destapar o ventre E o amor e o medo do que vem Não temes mais do que eu Pelo meu desgoverno só Mas esse medo já nem é de mãe É de avó.
9.
Cerejeira 03:07
Já não me quero comparar Nem pensar no que não vem E agora só voltava atrás Para nascer filho-da-mãe Resta deixar-me ficar assim Com o que não serve a ninguém E arrepender-me até ao fim Do que me disseram que era o bem Anda um gajo a ser bom Não sei bem para quê A tentar agradar A quem nunca vê Arrumo a trapalhada Ser POC tem que render Se isto não for Fachada Há-de ser outra coisa qualquer Já não vou com pressa Sigo a esperar Que a cerejeira dê em flor Espero que apareça Sigo a esperar Que a cerejeira dê em flor Sentado não se tropeça Sigo a esperar.
10.
Tentar 01:17
Os lemas acabaram lamentos Só eu é que nunca soube mudar O tempo vai dizer se eu tento Bem ou mal, o prazer de ficar Foi mau Ou foi só sorte Foi eu sei lá Foi no seu tempo Ou só vai ser amanhã Foi como está Eu faço e é por fazer Viver também é aguentar Tudo o que eu tenho É com o que eu nasci E vou usar para cantar E enquanto vou cheirando e olhando Vou vivendo a tentar.

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Obrigado ao Leonardo Bindilatti e ao Matheus Borges.

credits

released September 1, 2017

Letras, voz e teclados por Tiago Félix.
Gravação, mixagem e masterização por Leonardo Bindilatti.

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Tiago Félix Alcobaça, Portugal

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